Os vizinhos daqui são os de sempre, é uma comunidade que se manteve praticamente inalterada ao longo dos tempos. São indivíduos com características muito próprias, mas têm todos em comum a bisbilhotice e o controlo da vida alheia. Sempre disse que não me preocupo com assaltos aqui a casa, pois tenho sempre vigilantes preocupados em saber o que se passa nas redondezas. Os vizinhos que vivem mesmo em frente a minha casa têm muito tempo livre, ele trata do pequeno quintal que têm (é interessante ver o sr a medir a distância das batatas quando as plantas ou a varrer as folhas que caem das àrvores, o conceito de compostagem ainda é desconhecido para ele) e a sra é dona de casa. Esta vizinha é a maior fonte de informção sobre o que se passa, mal sabe de algum acontecimento e é imperioso partilhá-lo com o resto dos vizinhos. Até já lhe chegaram a colocar na caixa de correio uns binóculos, para que pudesse ver melhor o que se passa na casa dos vizinhos. Outra das vizinhas é pouco mais nova do que eu, troca de namorado com tanta frequência que nunca dá para perceber quem são os acompanhantes dela. Ontem cruzei-me com outra vizinha que enquanto a cumprimentava, me foi colocando ao corrente das novidades cá de casa (como se eu não as soubesse) e ainda ia fazendo mais algumas perguntinhas... Outros nossos vizinhos têm um pitbull que já mordeu uma senhora de idade respeitável e por isso tiveram direito a vir na televisão e jornais. Tenho vizinhos mais reservados que quase nem os conheço de vista, mas também tenho uma vizinha que gosta de fazer as limpezas semanais a ouvir a rádio festival de forma demasiado audível... São só algumas pequenas descrições do que são as pessoas que habitam à volta da minha casa. Todas têm em comum, além da localização, a coscuvilhice, quer sejam elementos do sexo feminino, quer do masculino.
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